A espécie mais letal

Bernardo Tavares
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Num sábado de manhã resolveu levar sua filhinha até a praia. Ela vivia pedindo pra irem ao zoológico, mas os pais não achavam aquele ambiente muito agradável. Tinha algo em enjaular bichos que os incomodava.

Foram então pra praia. Brincaram na areia, fizeram castelinhos, forte e até uma vila rodeada por um rio. Entraram juntos no mar, tomaram água de coco, passearam pela orla. Durante todas as atividades, o pai recolhia pequenos pedaços de lixo que encontravam na água ou na areia.

No fim do dia ele chamou mãe e filha para fazerem um tour e conhecerem uma espécie de animal muito perigosa. Ele sabia como ela se encantava por animais, então foram juntos até as pedras, no final da praia, onde as mulheres da família viram canudinhos, bexigas, sacolas, fios de balões de gás hélio, garrafas plásticas cheias de areia, tudo montado de um jeito que parecia formar uma espécie horrível de animal, algo que se assemelhava com um polvo, mas que escancarava a mais letal espécie que habita o planeta: o ser humano.

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