Um chaveiro cheio de chaves

Gabriel Louback
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Quando fechamos nossa casa no final do ano passado, entregamos as chaves às pessoas responsáveis e, no dia de ir embora, meu chaveiro não tinha nenhuma chave. As chaves de casa que usei naquele ano, as do escritório, todas, haviam partido. Olhar para um chaveiro e ver que não há chaves é saber que você não tem uma casa no fim do dia para voltar e dizer “Ah, que bom é estar na minha casa”. É um simples chaveiro sem chaves, mas o significado às vezes é grande.

Contei essa história para o meu pai, dizendo que tem sido muito bom viver todas essas experiências e propósitos, mas que às vezes é difícil se ver em situações assim. É um simples chaveiro sem chaves, mas o significado às vezes é grande.

Um dia depois, recebi uma mensagem do meu pai, dizendo: “Uma dica sobre o chaveiro vazio: mantenha sempre uma chave de nossa casa, para onde pode voltar sempre”. Chorei, é claro.

Desde então, temos vivido uma realidade de ter diversos lares e famílias, onde somos bem-vindos e temos para onde voltar.

E, claro, um chaveiro sempre cheio de chaves.

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